Hoje acordei meio... O beijo na boca
# Bom dia a você, amiguinho beijoqueiro, muito bom dia a você, que há algumas décadas atrás – e não venha me dizer que não – treinava em uma deliciosa laranja para não fazer feio no dia do seu primeiro beijo na boca! Bom dia a você que treinou caras e bocas na frente do espelho, imaginando aquele momento lindo em que sua boca tocasse a boca do outro, e bom dia a você amigo, que teve seu momento lúdico e romântico destruído por uma... Uma... Uma língua! Yeah! Uma longa e babada língua, putez! Você, bonitinho, na sua ingenuidade de criança querendo entrar na vida adulta, no auge dos seus 14 anos (em uma época sem informações sexuais de oriundas de internet ou Big Brother), você nunca, nunquinha, em hipótese nenhuma imaginou que aqueles beijos apaixonados assistidos nos filmes contassem com uma: língua! Santo Dio! Passado o susto inicial – e que susto – você decide treinar um pouco mais (sabe como é ném...) e a cada boca uma nova maneira de beijar, e a cada beijo uma nova maneira de posicionar a língua dentro da boca, cômico, muito cômico... Até que engrena, o negócio flui! E você curte um bom e molhado beijo – e já nem se importa onde a língua do outro anda – aquele beijo arrepiante, que começa meio tímido e com tempo se transforma em uma explosão de sentimentos, ahh o beijo... E de tanto beijar, e de tanta vontade de beijar mais, você inicia um namoro, muitos beijos, sem hora, sem vergonha, sem lugar, a toda hora, na frente dos seus pais, no ônibus, na hora da janta, você só quer beijar, e muito! E a coisa fica séria! Você acredita que o dono daquele beijo é o homem da sua vida, e ele acredita ser você a princesa que ele tanto esperou... Chuva de arroz, vestido branco, padrinhos, madrinhas, alianças e casório! Foi! Casamento, casa nova, móveis novos, faxina, alguns beijos entre um afazer e outro, trabalho árduo para quitar as dívidas, pombinhos cansados, rola um bitoquinha na cama, um sexo, cada um se vira para o lado e dorme... Então, passam-se os anos, e cada vez mais estável nossa vida se torna, cada vez mais bens adquirimos, nos tornamos mais cultos, seguros, inteligentes e confiantes, porém, cada vez beijamos menos...
Antes de sair de casa: uma bitoca, volta para casa: bitoca, janta, vinho, mão na perna: bitoca e sexo, banho, pijama, cama: bitoca... Mas e o beijo? Aquele demorado, que nos tira o fôlego, aquele beijo com ar de "alucionógeno", que nos faz viajar, cadê? Será que os maridos os guardam para uma próxima conquista? Será que as esposas esperam ainda o seu príncipe em um cavalo branco?
Será que ambos esqueceram como se faz? Como se conquista? Será que já não existe mais o desejo de sentir a nossa boca? Não há mais necessidade de caçar a presa? Será que beijos serão vendidos como artigos de luxo em lojas de departamentos?
Não sei, mas quanto mais penso, quanto mais busco respostas, menos beijos eu dou... #
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