Hoje acordei meio... A nossa eterna solidão
# Bom dia a você criaturinha, que após uma noite de amor “daquelas” resolveu se tornar o protagonista da cena de amor protagonizada por seus papis, decidiu que chegara o momento de você conhecer o planeta Terra, aeee! Bom dia a você que por nove meses se nutriu através do cordão umbilical ligado a sua mamis, brincando com seus dedinhos, se divertindo com o som das batidas do seu coração, bom dia a você que já havia se acostumado a aquele ambiente tranquilo, porém o espaço foi ficando apertado, mesmo que você ainda se sentisse confortável lá dentro, até que de repente uma inexplicável pressão – vinda sei lá de onde – faz jorrar o líquido amniótico no qual você estava protegido, os ossos da bacia de sua mamis se realocam e um turbilhão de emoções e hormônios faz com que você nasça! Maravilha! Maravilha? Para quem esperou por você durante nove meses, sim, mas e para você? Que já havia se acostumado a sua solidão, irá agora se acostumar as lambidas dos seus pais, avós, tias e primos? E o seu silêncio? Se foi amiguinho... É uma falação danada, uma linguagem para lá de esquisita, do tipo: “Tadê o nhenhezinho da didiam? Ablubllubilublu... Tá solando? Tá fominham? Tá totô? Ain meldeuzo... Certo, você se acostuma, mas cresce e continua curtindo seu momento de privacidade, você curte brincar com seus amigos imaginários, ou sozinho, sem problemas, mas os pais insistem que você tem que ter amiguinhos de carne e osso, e aí vem aquele “amiguinho” chato brincar com você, saco! Ele quebra seus brinquedos, puxa seus cabelo, lhe arranca os brinquedos das mãos, e sua mamis acha que vocês se dão “tãom bem”, peloamordedio! E a saga da vida continua, vem a época da escola, e você curte ficar na sua, é meio tímido, não se enturma muito, bem, você é o “esquisito” na concepção da psicopedagoga da escola (raiva!)... Então fazem de tudo para você se enturmar, mesmo que não haja nada errado com você – você só curte ficar na sua – mas a sociedade lhe impõe que você deve conversar, ter amigos, dividir seus medos e angústias, e na tentativa de “fazer amigos” você fica ouvindo os papinhos chatos de seus colegas entediantes, e vai se acostumando com eles, até que você acha que eles são seus amigos, e começa a falar sobre você, sobre seus sentimentos, sobre a vida, sobre filosofia, religião e dogmas... E você é taxado de louco, nerd, superdotado, e os pseudoamigos se afastam de você... Passam-se os anos, outras amizades surgem, namoradas, flertes, colegas de trabalho, grandes paixões, você até se solta um pouco mais, perde o medo de falar de si, conversa tranquilamente sobre sua concepção de mundo, sobre o futuro, e as vezes até alguém se interessa pelo que você fala, faz ou sente, as vezes alguém finge se importar, as vezes ninguém se importa... E na maioria das vezes, quem está sempre lá, quem lhe compreende profundamente e lhe ajuda a levantar e secar suas lágrimas é você mesmo, sempre você, por mais individualista e egocêntrico que isto possa parecer... #
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