Hoje acordei meio... Eu não preciso disto
# Bom dia a você acumulador por natureza, bom dia a você fruto
do capitalismo desenfreado, e muito bom dia a você que na falta do que fazer vai
dar um role no shopping... Pois então... A sociedade nos cria como consumidores
vorazes, temos o desejo de possuir, e cada vez mais... Se estivermos tristes
compramos algo para nos alegrar, se estamos felizes compramos algo para manter
esta felicidade, se temos um compromisso e já temos uma roupa, compramos um
sapato, se já temos o sapato compramos uma bolsa, se já temos a bolsa e o
sapato, saímos atrás de uma roupa nova... Estocamos alimentos como se houvesse
o perigo iminente de uma guerra nuclear, estocamos papel higiênico como se tivéssemos
sérios problemas intestinais, adquirimos bens, imóveis, eletroeletrônicos e mal
temos espaço para nós dentro de casa... Compramos pelo simples fato de adquirir
algo, mesmo sem dinheiro, mesmo endividados, mesmo sem precisar... Compramos
calças que não nos servem pelo simples fato de estarem em liquidação, compramos
blusões de lã no verão por que são lançamento, compramos sandálias abertas no
inverno porque certamente usaremos no verão, e compramos a maquiagem de festa
esperando o convite para aquele evento magnânimo... Ou estamos consumindo ou
estamos esperando... Um convite, uma festa, um evento, umas tragédia, uma
catástrofe, ou apenas uma liquidação... Compramos produtos de segunda mão,
peças de estoques encalhados, supervalorizadas, apresentadas com descontos
estratosféricos... Como somos bobos, achamos que ganhamos vantagem...
Acreditamos que estufar nossos armários de coisas inúteis irá nos trazer um
pouco de felicidade... Acreditamos que o consumismo irá aplacar a terna falta
de algo... Acreditamos, só acreditamos... Talvez consigamos evoluir quando
olharmos algo, qualquer porcaria, por mais tentadora que seja, e tivermos a
capacidade, a sanidade, e a serenidade de dizer: Eu não preciso disto! Talvez
possamos nos libertar então, e deixar de procurar abrigo para nossas almas
perdidas em um pedaço de tecido, ou dentro de um liquidificador... Talvez, só
talvez... #
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