Hoje
acordei meio... A tutuca no nariz
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Bom dia a você amiguinho conversador, a você que curtche um bom papo e a você
tagarela por natureza... Bom dia a você que não só gosta de tagarelar como
também de escutar, sim, você se interessa por coisas que as outras pessoas se
interessam, pelos seus problemas, e suas alegrias... Você se envolve na beleza
das histórias, na tristeza das histórias, e torce pelo final feliz de cada uma
delas... Não importa o lugar, você sempre consegue um tempo para parar e bater
um belo papo! Seja no supermercado, na fila da farmácia, no enterro da tia do
amigo, na padaria, na sala de espera do consultório médico, na fila do banco, ou
na loja de roupas, não importa, seu tempo é doado a quem tiver a fim de um bom
tricô! E como qualquer bela conversa, este tricô vem carregado de gestos,
emoções faciais, mãos no rosto, na testa, movimentos bruscos, reticentes e até
agressivos, não, não são papos monótonos, são assuntos cheios de vida, de
anseios, de finais venturosos e de outros nem tanto... Nada pode tirar sua
concentração nas palavras do outro, nenhum transeunte que passe ao seu redor,
nenhum barulho de sirene, de caixa sendo aberto, de teclados sendo digitados,
nem por pessoas aflitas nem por pessoas afoitas, não, nada pode desviar sua
atenção no outro... Err... Nada? Nada mesmo? Diria então, QUASE nada... Tem uma
coisa, uma pequena coisa, aliás um minúscula coisa que pode – e vai – tirar sua
atenção na bate papo com o outro: A tutuca no nariz! Aimelzeussss... A tutuca
no narizzzzzzzz nããããooooo... Sim, a tutuca no nariz... É no momento em que
você nota aquela coisinha gosmenta meio cinza, meio amarelada, lá na ponta da
parte interna da nariga do amigo, aquela que quando ele fala balança, que
quando ele respira parece um prancha de surf em cima de uma onda – se revirando
toda - , que quando ele se exalta parece que vai saltar direeeto na sua roupa, é
neste fatídico momento que você perde totalmente a concentração na conversa,
aliás, você nem sabe mais qual é o assunto, você apenas sorri, balança a
cabeça, fala: Pois é né... E mira nada discretamente para aquela porra de
tutuca pendurada nas fossas nasais do cara, pourra melzzz... Sim amigo, nesta
hora fode tudo, você começa a ouvir o choro das crias na fila, os idosos se
matando pelo direito a ser atendido antes no caixa preferencial, o barulhos dos
teclados, cães latindo, você passa a se incomodar com tudo, com o barulho dos
pingos da chuva, com o barulho dos passos das pessoas, ahhh é um inferno, mas
não há nada pior do que: A tutuca no nariz! Parece um ioiô, aquele negócio vai
e volta e lhe dá a sensação de que certamente, quando ele não voltar mais, a
tutuca estará fixada na sua roupa, talvez bem em cima do símbolo que a torna
tão cara, ô bele! É este o papo que você tenta abreviar, é este o papo em que você
olha o relógio 10309802842 vezes, é este o papo em que você recebe 82978392
mensagens e tem que ir embora rapidamente, e definitivamente, este é aquele
papo em que o cara não te deixa ir embora, o cara da tutuca no nariz nem
imagina – e você não tem coragem de contar – ele conversa exaltado, alegre, e
lhe abraça – e você confere se a tutuca continua lá - e respira ofegantemente –
e a tutuca vai e volta – e você não consegue olhar para outro lugar a não ser
para a tutuca... O amigo se vai, a despedida é dura – um medo danado de ficar
com esta lembrança agarrada a você – mas fica na sua mente a presente lembrança
da tutuca ioiô, indo e voltando nas cavidades nasais do amigo tatuzento... #
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