segunda-feira, novembro 26, 2012

Hoje acordei meio... A tutuca no nariz


Hoje acordei meio... A tutuca no nariz

# Bom dia a você amiguinho conversador, a você que curtche um bom papo e a você tagarela por natureza... Bom dia a você que não só gosta de tagarelar como também de escutar, sim, você se interessa por coisas que as outras pessoas se interessam, pelos seus problemas, e suas alegrias... Você se envolve na beleza das histórias, na tristeza das histórias, e torce pelo final feliz de cada uma delas... Não importa o lugar, você sempre consegue um tempo para parar e bater um belo papo! Seja no supermercado, na fila da farmácia, no enterro da tia do amigo, na padaria, na sala de espera do consultório médico, na fila do banco, ou na loja de roupas, não importa, seu tempo é doado a quem tiver a fim de um bom tricô! E como qualquer bela conversa, este tricô vem carregado de gestos, emoções faciais, mãos no rosto, na testa, movimentos bruscos, reticentes e até agressivos, não, não são papos monótonos, são assuntos cheios de vida, de anseios, de finais venturosos e de outros nem tanto... Nada pode tirar sua concentração nas palavras do outro, nenhum transeunte que passe ao seu redor, nenhum barulho de sirene, de caixa sendo aberto, de teclados sendo digitados, nem por pessoas aflitas nem por pessoas afoitas, não, nada pode desviar sua atenção no outro... Err... Nada? Nada mesmo? Diria então, QUASE nada... Tem uma coisa, uma pequena coisa, aliás um minúscula coisa que pode – e vai – tirar sua atenção na bate papo com o outro: A tutuca no nariz! Aimelzeussss... A tutuca no narizzzzzzzz nããããooooo... Sim, a tutuca no nariz... É no momento em que você nota aquela coisinha gosmenta meio cinza, meio amarelada, lá na ponta da parte interna da nariga do amigo, aquela que quando ele fala balança, que quando ele respira parece um prancha de surf em cima de uma onda – se revirando toda - , que quando ele se exalta parece que vai saltar direeeto na sua roupa, é neste fatídico momento que você perde totalmente a concentração na conversa, aliás, você nem sabe mais qual é o assunto, você apenas sorri, balança a cabeça, fala: Pois é né... E mira nada discretamente para aquela porra de tutuca pendurada nas fossas nasais do cara, pourra melzzz... Sim amigo, nesta hora fode tudo, você começa a ouvir o choro das crias na fila, os idosos se matando pelo direito a ser atendido antes no caixa preferencial, o barulhos dos teclados, cães latindo, você passa a se incomodar com tudo, com o barulho dos pingos da chuva, com o barulho dos passos das pessoas, ahhh é um inferno, mas não há nada pior do que: A tutuca no nariz! Parece um ioiô, aquele negócio vai e volta e lhe dá a sensação de que certamente, quando ele não voltar mais, a tutuca estará fixada na sua roupa, talvez bem em cima do símbolo que a torna tão cara, ô bele! É este o papo que você tenta abreviar, é este o papo em que você olha o relógio 10309802842 vezes, é este o papo em que você recebe 82978392 mensagens e tem que ir embora rapidamente, e definitivamente, este é aquele papo em que o cara não te deixa ir embora, o cara da tutuca no nariz nem imagina – e você não tem coragem de contar – ele conversa exaltado, alegre, e lhe abraça – e você confere se a tutuca continua lá - e respira ofegantemente – e a tutuca vai e volta – e você não consegue olhar para outro lugar a não ser para a tutuca... O amigo se vai, a despedida é dura – um medo danado de ficar com esta lembrança agarrada a você – mas fica na sua mente a presente lembrança da tutuca ioiô, indo e voltando nas cavidades nasais do amigo tatuzento... #

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